sexta-feira, 6 de setembro de 2024

calem a boca

 escrevo hoje com raiva, e muita raiva. raiva porque nao queria escrever. nao queria precisar escrever isso. nem pontuar. usar letras maiusculas. corrigir os erors na escirta. nao vou. 

oque voces deveriam fazer por outro lado? ouvir. por uma vez o ser humano deveria abandonar a natureza do questionamento e por tudo que é mais sagrado ouvir. me ouvir. ouvir ao outro. quem sabe nele encontrar a si mesmo. ta tudo bem se identificar. mas por outro lado, peço, ou melhor, imploro que pelo amor de Deus parem de assumir, analisar ou interpretar oque eu escrevo, falo ou crio sob um olhar individual totalmente subjetivo de voces. nao falo sobre voce. nao escrevo sobre os outros. tudo isso é sobre mim. e sou tudo que tenho. peço que não tirem isso de mim. não me faça ser sobre voce. voce que le isso, me le. e escrevo somente sobre mim E a mim. por favor, calem a boca.

claro isso, no fim, desacredito que esteja claro. nunca será o suficiente. queria que entrassem em minha mente e sentissem na pele oque sinto e pudessem ver o mundo e interpretar essa mistura de sentidos como eu faço agora. mas isso também seria uma leitura de mim. oque me irritaria mais ainda. estou preso pela eternidade no meu perceber e na minha unica leitura de realidade e isso ora me apavora ora conforta. ja foi motivo de choro e vomito. tambem ja foi a unica coisa que me acalmou a cabeça ao deitar pra dormir depois do choro e do vomito. 

sou eu. escrevo sobre mim. escrevo agora. e sinto raiva, arrisco dizer ate nojo, de compartilhar com voces. pois ao publicar o Eu ao mundo, seja em texto ou em existência, existo ao meu outro. a voce. e assim, se percebem em mim. me analisam sob sua experiência. assumem. esse é meu verdadeiro ódio. se acham em lugar de assumir algo sobre outro.

por respeito a quem ja fez qualquer tipo de arte e teve a coragem de deixa-la a mão de qualquer um, não assumo. interpreto do meu jeito. mas nunca assumo sua real significancia. nunca coloque suas vivencias na obra do autor. pois fazer arte é entregar a um estranho o reflexo mais horrendo da sua alma e ouvir do receptor que ele mesmo esta lindo na sua imagem. não é voce aqui. sou eu. interprete-me sob seu olhar, não é como se tivessemos escolha, mas tenha sempre em mente que essa não é a minha verdade, e peço denovo, pelo amor de todo Deus, que não assuma oque significam minhas palavras.

se sinto tanta raiva porque publico? simples. preciso da exposição. quero o vomito e a calmaria após. quero que ouça a mim e somente a mim. repito: calem a boca. colocado de outra forma: se sinto tanto ódio assim de me lerem, porque escrevo? mais simples ainda. se tivesse medo de ser ouvida, não falaria. consequentemente, teria menos percepção de mim mesmo enquanto pessoa no espaço, enquanto Eu. queria falar somente para mim escutar. mas não posso. nem deveria. assim como nao deveria escrever tudo isso num rascunho e esquecer que existe. por isso, publico. por mim. pois nada do que faço poderia ser para outro, e, mesmo que fosse, ainda seria um reflexo de mim. pois assim como nunca serão eu, eu também não sou outro. 

ao escutar a musica mais bonita da sua vida, saiba que alguém que não faz ideia da sua existência a escreveu. e é isso que faz toda arte especial: o carater da expressao individual do Eu em questao na sua forma mais crua. artista, seja bom ou ruim, vive da sua arte, boa ou ruim. se é tudo que tem, nao tirem de quem nao tem mais nada. 

e acima de tudo, espero que nao esperem nada de mim. nunca prometi um sequer texto bonito a alguem, ou algo menos ridiculo, ou algo mais dificil de entender com palavras grandes e complicadas, ou algo mais breve, ou algo maior, pois denovo: não faço pelo outro. te controlo em cada virgula em excesso em que te dou a misericórdia de respirar por milésimos de segundos e em cada parágrafo que te faço rolar mais a página. mas não o faço por voce. não é minha obrigação e espero nunca ser. ninguém deve beleza ao mundo, e acredito que é justamente quando paramos de busca-la que ela aparece de sua forma mais crua também, como a arte. consequentemente, não deveriamos fazer arte buscando o belo, e sim, a tentativa de externalizar nossa percepção a nós mesmos. escrevo por pura satisfação pessoal se me pedissem para ser breve, mas é justamente por isso mesmo que não parei de escrever até agora.

finalizo te deixando agora na certeza de que não entendeu nada! voce não sou eu! e se acha que entendeu: cale a boca!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Um comentário:

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